Hoje celebra-se
mais um dia da mulher.
Confesso que
nunca liguei muito a este dia, mas hoje vejo as coisas de outra forma.
O dia da mulher
não se trata apenas de um dia para receber flores e celebrar a conquista de
direitos civis e políticos, que nós mulheres conseguimos. Há muitos passos a
dar ainda, falo da igualdade de salários, igualdade de oportunidades e
igualdade de direitos. Há ainda a violência que milhares de mulheres sofrem
diariamente, há ainda as que morrem vitimas da mesma violência que ninguém
denuncia, que "ninguém pode fazer nada".
Há muita coisa a
mudar, é certo, mas não são destas que venho falar hoje.
Hoje venho falar
de uma coisa tão simples de mudar e que apesar de não mudar o mundo, ía ser uma
grande conquista. Estou a falar da ajuda entre nós próprias, mulheres. Falo
para que sejamos mais unidas, que nos suportemos mais umas às outras, que não
estejamos constantemente a julgar e a rebaixar a outra.
Quando era mais
nova, nunca me preocupei muito com o que o vestia, se a roupa era nova, se era
dos meus primos, se ficava bem, se era de rapaz ou rapariga. Quando era mais
nova, achava que era mais fácil ser rapaz, não julgavam, não me obrigavam a
brincar com bonecas… sentia-me num ambiente mais despreocupado e relaxado…
podia jogar a bola, brincar com carrinhos e dizer parvoíces.
Mais tarde, por
volta dos meus 16 anos, apeteceu-me mudar, decidi comprar roupa nova, roupa de
menina e arranjar-me mais. Apeteceu-me começar a sentir-me mais feminina, a
cuidar mais de mim e gostar mais do que via ao espelho, mas com isto veio tanta
coisa que não estava espera, tanta coisa que me deixou triste e desiludida com
as pessoas, principalmente com as mulheres.
Depois de ter
decidido mudar, comecei a ouvir comentários maus e mesquinhos de mulheres,
ouvia coisas como:
“Porque estás
vestida assim? Estás a fazer-te aos gajos…”
“Só usas esse
decote para mostrar as mamas, devias ter vergonha”
“Essas calças
justas são para quê, para mostrar o rabo?”
“é pela maneira
que te vestes, que às vezes acontecem coisas más às mulheres” – (oh yeah,
that’s happen)
Comentários
destes, vindos de alguém como nós, doem mais. Passei mais bocados, fiquei
triste, chorei bastante, de forma que fiquei com alguns problemas de saúde na
altura.
Apesar de ter o
apoio de muita gente, que me diziam para não ligar, que era inveja e maldade,
as coisas tocavam cá dentro e ficavam… tentava lidar da forma que conseguia,
tentando não dar relevância e não mudando aquilo que queria: ser mais feminina e
arranjar-me como gostava e me sentia bem.
Com o passar do
tempo, fui conhecendo pessoas (mulheres) novas, pessoas que não me tratavam da
mesma forma, pessoas que me aceitaram como sou, usando fato de treino ou usando
uns stiletto. Pessoas que me fizeram
crescer, pessoas que me ajudaram a ser mais forte e confiante, e aos poucos,
todas estas coisas más, foram ficando para trás.
Hoje sou como
sou, uso o quero, não tenho vergonha, nem receio do que os outros possam
pensar… aliás, porque deveria ter?
Para mim, isto é
tão importante como todas as outras lutas que as mulheres têm todos os dias.
O mundo deveria
ter mulheres mais unidas, mulheres que não se julgem e que se apoiem. Mulheres que
se elogiem.
Somos mulheres, se não nos apoiamos entre nós, como esperamos que o
resto do mundo o faça?
Feliz dia da Mulher 🌹
Tenho o privilégio de te conhecer e tenho muito orgulho em ti! :)
ResponderEliminar:) não me faças verter uma lágrima!
EliminarVá Carla Pinto que choramos as duas!
EliminarSílvia Martins Rebelo